domingo, 9 de agosto de 2015

"Muitos em um único Eu"

Somos todos um pouco múltiplos, as mulheres, por vezes, um pouco mais. Talvez seja culpa, em parte, dos hormônios, eles fazem uma vez por mês, pelo menos, o humor variar. Da alegria, mudamos para depressão. Do riso, ao mau humor. Da disposição, ao lençol cobrindo o desânimo. Amém por aqueles homens ao redor que entendem ou, no mínimo, relevam por saber que depois de alguns dias vai voltar tudo ao normal.

Ocupamos tantos papéis para atender às necessidades de todos e de nós mesmas. Somos filhas, amigas, namoradas, esposas e mães. Algumas funções nem ao menos tem nomes, apenas características que tomam forma. Da mistura, o todo deve torna-se um único ser. Não se pode perder-se em personalidades, esquecer de sua essência, de quem realmente é.

Mudar um hábito, o estilo de filme favorito, a forma como gosta de comer os ovos no café da manhã e o tipo de música ouvida no rádio do carro. Parece tudo tão banal, porém são essas escolhas que constroem a personalidade, que dizem um pouco de quem somos. Se mudarmos a cada vez que trocamos de namorado ou de emprego, isso não mostra tecnicamente um amadurecimento, uma evolução. Pode talvez demonstrar medo, uma adequação ao meio somente para sobreviver. 

Mas, não é preciso. Naturalmente mudamos. Não necessariamente gostaremos do mesmo corte de cabelo, do estilo de roupa, música ou sobremesa que amávamos na infância. Todavia, a mudança deve vir de dentro e não imposta pelo meio ou por um alguém específico. Ouvi de meu pai hoje que ter foco na vida é saber dizer "não" às vezes. Assim construímos a vida, discernir o que é o melhor para nós. 

Já tinha refletido sobre isso quando assisti uma das inúmeras vezes Noiva em Fuga, porém o assunto veio a mente de novo diante do Loucas para Casar. Os filmes brasileiros geralmente não são os meus favoritos por serem carregados por vezes de muito palavrão usado de forma desnecessária. O americano até abusa, mas quando a gente escuta na língua mãe parece soar mais ofensivo. Todavia, esse foi diferente, não tanto quanto Divã, meu longa-metragem nacional favorito. Enfim, a comédia virou um drama de pura filosofia. Não quero quebrar o mistério, mas vai muito além de traição.


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